segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O reajuste do mínimo

A partir de 1º de fevereiro estará em vigor o novo salário mínimo nacional, que será de R$ 465, o que representa um reajuste real de 5,7% (descontada a inflação) em relação ao piso salarial vigente.A pequena variação de R$ 50, injetará na economia nacional um montante aproximado de 27 bilhões reais durante o ano de 2009, volume muito bem-vindo para o momento de crise geral. Entretanto, o reajuste é inferior ao aplicado pelo governo no ano eleitoral de 2006, que foi de 13% reais em relação a 2005.O Dieese faz um estudo interessante do valor do mínimo no decorrer dos tempos. Por exemplo: se o valor original da data de criação (1º de maio de 1940) fosse corrigido pela inflação até os nossos dias, o piso salarial nacional deveria ser de aproximadamente R$ 1.000, ou seja, estamos com menos de 50% de seu valor regional.Na época de Juscelino Kubitschek (1956-61), o valor do salário alcançou o máximo em termos de valores, equivalente a 1.500 reais atualizados. Já a década de 90, com os governos Collor / Itamar e FHC foram os piores desde a fixação do salário mínimo. Neste período, o mínimo em nenhum momento atingiu mais que 30% do valor original, despencando em abril de 1992 ao menor valor histórico, o que seria hoje apenas R$179.O novo valor é insuficiente para atender aos seus propósitos, que seria o de manter uma família com suas necessidades básicas atendidas por um mês. No entanto, durante o governo Lula o salário mínimo obteve reajustes reais em todos os anos. Mais do que isso, o piso deixou de ser o vilão que era para todos os males do Brasil, como a inflação e o aumento “insuportável” das despesas públicas que qualquer ganho real provocaria, segundo os alarmistas de plantão.Ainda assim, com a cesta básica mensal custando algo em torno de R$ 2 mil (segundo o Dieese) e o salário mínimo atingindo menos de ¼ disso, não há muito que comemorar com o atual reajuste.

Charles Chelala
Economista e professor

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