segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As espertezas de Sarney, Lula e das excelências

CHICO BRUNO
Semana passada os políticos mostraram que fazem qualquer negócio com vistas a garantir saídas para a sobrevivência.
O imortal presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na quarta-feira (9) usou a tribuna para impedir o prosseguimento da votação da reforma eleitoral quando lhe pisaram nos calos.
Sarney atacou a emenda que estabelece eleição direta em caso de cassação de governadores e prefeitos nos dois primeiros anos de mandato e indireta se a cassação for à segunda metade do mandato. Ao fim da fala encerrou a sessão, transferindo a continuidade da votação para a sessão seguinte.
Segundo alguns senadores, incomodado com a emenda, José Sarney (PMDB-AP), agiu para que a votação da reforma eleitoral fosse adiada para a próxima semana.
Para tanto, Sarney teria pedido aos líderes do PMDB, Renan Calheiros (AL), e do governo, Romero Jucá (RR), para esvaziar a votação, o que foi acatado pelos dois que viajaram na quinta cedinho para seus estados.
Sarney é contrário à emenda por que ela acaba com sua arma preferida para conquistar mandatos.
Em 2005, ele conquistou o mandato de senador para o afilhado Gilvam Borges, terceiro colocado na eleição de 2002, depois que o TSE cassou o eleito João Capiberibe.
Esse ano, usando a mesma estratégia sua filha, Roseana Sarney (PMDB), derrotada em 2006, assumiu o governo do Maranhão depois que o Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato do ex-governador Jackson Lago (PDT).
Se depender de Sarney, a reforma eleitoral não será votada a tempo de valer para as eleições de 2010.
Na outra ponta do poder, o presidente Lula, esperto como ele só, já percebeu que são mínimas as chances da corrida presidencial ser travada apenas entre um petista e um tucano de forma plebiscitária.
Espertamente, Lula que não abre mão de comparar seus oito anos com os de FHC, agora diz que “um candidato da base aliada” será eleito, e cita, além de Dilma, o deputado federal Ciro Gomes, que sairia pelo PSB, e a senadora Marina Silva, que disputaria pelo Partido Verde.
Pelo novo discurso de Lula, proferido pela primeira vez em Fortaleza, a ministra Dilma pode ser abandonada pelo caminho, o que não é nenhuma novidade, pois Lula é useiro e vezeiro nesse expediente.
Pelo visto, Lula já achou uma esperta desculpa para o empacamento de Dilma nas sondagens de intenção de votos.
A outra esperteza está sendo produzida pelas excelências do Senado e da Câmara com a PEC que aumenta o número de vereadores. Com vistas à fidelizar seus cabos eleitorais eles estão vendendo gato por lebre.
É óbvio, que aprovada a PEC, ela só valerá para 2012, quando acontecerão as próximas eleições municipais.
- O número de vereadores pode ser aumentado por emenda, mas apenas para a legislatura subsequente, disse o presidente do TSE, Carlos Ayres Britto.
O ministro explicou que a jurisprudência do TSE é contrária à retroatividade de emendas deste tipo. Ou seja, o Congresso pode até aumentar o número de vereadores, mas o Judiciário poderá ser chamado a julgar a emenda e, se isso acontecer, a tendência é definir que os legislativos municipais não serão ampliados de imediato.
Vendendo gato por lebre, as excelências colocaram um artigo na PEC que retroage as últimas eleições municipais realizadas em 2008.
Eles sabem que o TSE irá barrar tal pretensão, mas aí é que mora a esperteza, pois as excelências irão culpar a Justiça Eleitoral.
Infelizmente é assim que funciona a política nessa quadra da vida nacional.

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