segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Manifestação contra Sarney no Sete de Setembro termina em confronto



Jailton de Carvalho e Demétrio Weber- O Globo; Agência Brasil

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - O desfile do Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios terminou em confronto entre guardas e estudantes que protestavam contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). (Infográfico: As denúncias contra Sarney na linha do tempo)
Os cerca de estudantes levavam faixas e cartazes contra Sarney - o presidente do Senado não foi ao desfile. E gritavam palavras de ordem como: "Sou brasileiro, sou patriota, mas eu não sou idiota"; "Essa é de rir, o Senado já virou Sapucaí"; "Sarney, ladrão, devolve o Maranhão".
Seguranças da Presidência e policiais agrediram jovens que, após derrubar um alambrado, tentaram se aproximar do camarote onde estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a ministra Dilma Rousseff, entre outros. (Leia também: Brasil anuncia compra de caças franceses)
Manifestantes foram contidos com socos, gravatas e, segundo um deles, pontapés. Vários foram agarrados e arrastados pelo gramado. A briga durou poucos minutos, mas deixou alguns estudantes assustados.
- A gente estava entrando num espaço público, e policiais e seguranças partiram para cima da gente. Deram empurrões, soco e golpe de cassetete no ombro - queixou-se Raul Cardoso, estudante de ciência política e coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília.

O metalúrgico aposentado Célio Cândido Alves, de 64 anos, foi agarrado pelo pescoço e arrastado por um segurança de terno e gravata.
- Ele me deu uma gravata, apertou meu pescoço. Foi a maior violência que sofri na vida. Por favor, me ajudem a identificar o segurança que me agrediu - repetia Cândido Alves.
Depois disso, seguranças e policiais soltaram os manifestantes e recuaram para reforçar o cordão de isolamento

Os estudantes usaram um cartão vermelho como símbolo do movimento, a exemplo do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). No último dia 25, Suplicy mostrou um cartão vermelho para Sarney, que estava ausente da sessão, e pediu que o senador renunciasse ao cargo de presidente da Casa.
- O movimento não tem vinculação partidária. A gente só quer mostrar nossa indignação contra o Senado. O Sarney é um representante simbólico, mas a luta é contra todo Senado - disse Raul. Manifestações após desfiles do Rio e de São Paulo
Em outras capitais, os desfiles militares do Sete de Setembro também foram marcados por manifestações contra o presidente do Senado. No Rio, o desfile foi acompanhado por cerca de 15 mil pessoas. Após a parada, manifestantes de diferentes entidades pediram "Fora, Sarney". Eles também gritavam palavras de ordem contra o governo federal, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) - que não foram ao desfile.
Cerca de 300 pessoas protestaram à tarde na Avenida Paulista, em São Paulo, pedindo a saída de José Sarney da presidência do Senado. Parte dos manifestantes usava fantasia de palhaço e faixas com os dizeres "Fora, Sarney. Reforma política já". O trânsito chegou a ficar complicado na região, mas, segundo a Polícia Militar, não houve conflitos.
De manhã, depois do desfile de Sete de Setembro realizado no Sambódromo do Anhembi, um grupo com cerca de 500 pessoas fez outro protesto, desta vez cobrando a construção de mais casas populares. No carro de som, eram feitas críticas à política habitacional da prefeitura e do governo paulista.

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