quinta-feira, 23 de julho de 2009

CASA DOS ESCÂNDALOS

Escândalo coincide com fissuras em feudos políticos
A trajetória de Sarney
> José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu em 24 de abril de 1930, em Pinheiro, interior do Maranhão
> Estreou na vida pública em 1954, ao assumir como suplente um mandato de deputado federal pelo PSD
> Até então, era conhecido na região como Zé do Sarney, em virtude do nome do pai, Sarney de Araújo Costa. Acabou incorporando o prenome do pai
> Ainda no primeiro mandato, migrou do PSD para a União Democrática Nacional (UDN) e foi reeleito em 1958 e em 1962
> Em 1965, foi eleito governador do Maranhão
> No mesmo ano, com a instituição do bipartidarismo pelo regime militar, se filia à Aliança Renovadora Nacional (Arena)
> Ao final do governo, se elege senador em duas eleições sucessivas, para as legislaturas de 1970-1978 e 1979-1987
> Com a extinção do bipartidarismo, integra-se ao Partido Democrático Social (PDS) e renuncia ao mandato de senador para concorrer a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Tancredo Neves. A chapa vence a eleição indireta
> Em 1986, tenta combater a hiperinflação com o lançamento do Plano Cruzado
> Com o fracasso do plano, deixa o Planalto em 1990
> Com receio de não se eleger senador pelo Maranhão, transfere o domicílio eleitoral para o Amapá, cujo status de território havia sido promovido a Estado durante sua passagem pelo Planalto
> Se elege senador três vezes consecutivas pelo Amapá (1991, 1999 e 2007)
A ruína de José Sarney no cenário nacional escancara uma fragilização lenta do domínio do clã em seus feudos políticos. No Amapá, para onde transferiu seu domicílio eleitoral nos anos 90, após deixar a Presidência sob forte reprovação popular, Sarney disputou uma eleição renhida que quase lhe privou do 10º mandato consecutivo em 2006. No Maranhão, sua oligarquia sobrevive graças à decisão da Justiça Eleitoral que cassou o governador Jackson Lago (PDT).



Ao entregar o Palácio dos Leões à segunda colocada na eleição, Roseana Sarney
(PMDB), o Tribunal Superior Eleitoral reverteu a primeira derrota nas urnas do grupo político do ex-presidente em 40 anos. Na eleição seguinte, no ano passado, a hegemonia de Sarney voltava a dar sinais de esgotamento com a perda de dois terços das 217 prefeituras do Estado.
Especialista na arte da sobrevivência política, o presidente do Senado sempre gravitou à sombra do poder. Com exceção do governo Fernando Collor (1990-1992), Sarney foi aliado de todos os presidentes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no passado havia chamado Sarney de corrupto e grileiro, disse que ele não poderia ser julgado como um “homem comum”.
– Comum ele realmente não é. Se fosse, não ficava tanto tempo no poder e exercendo tamanha influência – avalia um senador.

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