sábado, 25 de julho de 2009

Clã em apuros

Justiça manda tirar das ruas placas com nomes dos Sarney

Se o apoio político ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), começa a derreter em Brasília, no Maranhão, igualmente, a força do nome da sua família dá sinais de que está enfraquecendo. Depois de duas decisões do Tribunal de Justiça do Maranhão determinando a retirada de nomes de políticos vivos de logradouros públicos, com o argumento de que desrespeitam o princípio constitucional da impessoalidade, a governadora Roseana Sarney (PMDB) mandou remover, esta semana, seu nome do prédio do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A governadora expediu também ofício determinando aos secretários de Estado e prefeitos maranhenses que mudem os nomes de logradouros que tenham sido batizados em homenagem à família. Ontem, já não havia o nome de Roseana na frente do edifício do Tribunal de Contas, inaugurado por ela em 2002.
O secretário de Comunicação Social do governo, Sérgio Mesquita, afirmou que antes mesmo de a governadora ser notificada sobre a decisão, ela já mandara apagar seu nome.
— A governadora, antes de reassumir o governo, agradeceu a homenagem do TCE, mas pediu para retirar seu nome — afirmou Mesquita.
No Maranhão, a família Sarney é referência em tudo. Há maternidade José Sarney e Marly Sarney, rua José Sarney, rua Zequinha Sarney e até cidade Presidente Sarney. A frequência com que o nome Sarney aparece pelas ruas da cidade virou até uma piada que corre na internet, listando órgãos públicos, ruas, praças e bibliotecas, além dos órgãos de comunicação que pertencem ao clã Sarney, como a TV Mirante, afiliada da TV Globo, e o jornal “O Estado do Maranhão”.
— No Maranhão só não tem nome dos Sarney em cemitérios e funerárias. Nestes, eles enterram os maranhenses — diz o deputado Domingos Dutra (PT-MA), autor do livro “Camaleão”, onde lista todos os logradouros batizados em nome do clã.
Mas a família Sarney não é a única. Os Lobão também se multiplicaram pelos logradouros. Nesta semana, a Justiça mandou retirar o nome do ministro e ex-governador Edison Lobão da avenida litorânea e de uma escola de ensino médio, situada no Centro de São Luís. O vice-governador do Maranhão, João Alberto, que já foi governador, também perdeu alguns de seus “domínios”. Seu nome batizava o Centro de Processamento de Dados do Estado. Apesar de a Constituição Federal proibir dar nome de pessoas vivas a ruas, prédios ou repartições, a Constituição do Maranhão ignorou esse princípio. (Chico de Gois em O GLOBO)

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