terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Belém recebe 92 mil de todo o mundo para o FSM 2009

A abertura do Fórum Social Mundial 2009 será celebrada hoje com uma grande caminhada que espera reunir cerca de 70 mil participantes, dos 92 mil que estão inscritos para os seis dias de atividades. A manifestação vai começar às 15 horas, com um ritual, na praça Pedro Teixeira, escadinha do Cais do Porto, quando os povos africanos, que receberam a última edição do evento, 'entregam' aos indígenas o Fórum. De lá, os manifestantes seguem pela avenida Nazaré até a praça do Operário, em São Brás, onde vão ocorrer apresentações culturais.
Durante a caminhada, os grupos têm o direito de fazer suas manifestações independentes. A coordenadora do Grupo de Metodologia do FSM 2009, Graça Costa, afirma que as especulações sobre uma possível passeata de nudismo não foram confirmadas e nem comunicadas aos grupos facilitadores. Mas, se ocorrer, diz Graça, não será repreendida. Ela afirma ainda que os grupos foram orientados a fazer sua segurança interna e evitar o uso de força policial.
O coronel Solano, do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar do Pará, diz que os policiais estão 'orientados para compreender que a marcha é pacífica e não ir prevendo problemas'. Segundo ele, cerca de três mil homens estarão nas ruas, incluindo os militares da Força Nacional de Segurança.
'É preciso que a população de Belém saiba que não queremos fazer uma praça de guerra. As pessoas não devem temer o Fórum. Não é tomar a cidade de assalto, mas sim lutar por um outro modelo de sociedade', diz Graça Costa. Ela garante, por exemplo, que não há inscrições de grupos armados como Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs) e ETA.
BANDEIRA
Os protestos acontecem durante todo o dia. Logo pela manhã, centenas de indígenas de várias nacionalidades devem formar uma bandeira humana, usando seus corpos para escrever a mensagem 'SOS Amazônia'. A ideia é que a imagem seja transmitida para todo o mundo, do 'coração da Amazônia'. Outros protestos devem partir de toda a cidade, ao longo do dia. Os grupos se encontrarão à tarde, para a marcha de abertura do FSM. As crises econômica e ambiental devem marcar as manifestações.
As atividades do FSM, cerca de 2,6 mil, só têm início amanhã. Mas, para os indígenas, o FSM, que deve reunir pelo menos 1,5 mil índios brasileiros e 500 de outros países, inclusive da Austrália, já começou. Desde a semana passada, várias tribos da Amazônia chegam em barcos a Belém. As caravanas, boa parte patrocinada pelos organizadores, servem como fórum de discussões dos indígenas, que apresentarão propostas contra as crises ambiental e econômica. Até chegar a Belém, eles fizeram assembleias e manifestações.
Dirigida por líderes indígenas de nove países da Amazônia que se reúnem no FSM, a mensagem do coração da Amazônia foi pensada para chamar a atenção sobre o aumento dos problemas ecológico e social da floresta e seus povos. Na coordenação do ato estão organizações indígenas do Brasil, como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e da Amazônia, como a Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) em coalizão com a Articulação dos Povos Indígenas do Sul (ArpinSul) e Organização Indígena do Tocantins.
propostas
A diretora da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) e coordenadora do Fórum, Aldalice Oterloo, diz que a caminhada é o momento em que Belém 'vai ter uma amostra da diversidade cultural e política dos diferentes segmentos que compõem o Fórum e que lutam por um mundo melhor'. Quando questionada sobre as mudanças efetivas que a população de Belém e da Amazônia podem esperar, ela constata que 'de imediato não haverá grande mudanças', mas diz que o principal objetivo do evento é 'fortalecer as lutas e dar visibilidade aos movimentos'. Aldalice lembrou também que o último dia do evento é dedicado às assembleias, em que os participantes vão definir as estratégias de luta para além do FSM.
O coordenador do grupo de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (GLBT) do Pará para o Fórum, Paulo Lessa, conta que o grupo vai ser representado durante a manifestação e deve levar cerca de 200 participantes para uma 'uma mini-parada gay dentro da caminhada'. 'Vamos levantar nossas bandeiras e mostrar nossa causa na abertura e durante todo o Fórum', adianta.
A Companhia de Transportes do Município de Belém (Ctbel) avisa que durante o percurso dos participantes, as transversais da avenida Nazaré estarão fechadas e serão liberadas à medida em que a caminhada avançar. O diretor de Trânsito da Ctbel, João Renato Aguiar, diz que a população que trabalha ou mora às proximidades da passeata deve evitar trafegar lá durante a manifestação. A previsão da Ctbel é que a caminhada chegue à praça do Operário por volta das 18 horas.
Personalidades
Mais de 600 autoridades, entre governadores, senadores, vereadores, prefeitos, deputados federais e ministros de Estado, de todos os cantos do mundo, estarão em Belém para os eventos do fórum. Veja a lista, que inclui cinco presidentes latino-americanos, quatro governadores brasileiros, doze ministros de Estado, senadores, deputados, prefeitos, vereadores.
Autoridades nacionais
Luís Inácio Lula da Silva, presidente da República do Brasil
Ana Júlia Carepa, governadora do Pará
Jackson Lago, governador do Maranhão
Jacques Wagner, governador da Bahia
Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro
Eduardo Suplicy, senador da República
Janete Capiberibe, deputada federal, presidente da Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados
Carlos Mentor, deputado federal
Dilma Roussef, ministra chefe da Casa Civil
Tarso Genro, ministro da Justiça
José Gomes Temporão, ministro da Saúde
Fernando Haddad, ministro da Educação
Orlando Silva, ministro do Esporte
Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social
Guilherme Cassel, ministro do Desenvolvimento Agrário
Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos
Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Édson Santos, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial
Luiz Dulci, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República
Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente
Duciomar Costa, prefeito de Belém
Luizianne Lins, prefeita de Fortaleza
Autoridades internacionais
è Morales, presidente da Bolívia
Hugo Chaves, presidente da Venezuela
Fernando Lugo, presidente do Paraguai
Rafael Corrêa, presidente do Equador
Rocio Casco, vereadora de Assunção, Paraguai
Francisco Rangel Gomez, governador do estado de Bolívar, Venezuela
Alberto Acosta, ex-presidente da Assembléia Constituinte do Equador
Jorge Alperovich, governador de Tucuman, Argentina
Alberto Hernandez Rodrigues, secretário de Desenvolvimento Social de Chiapas, México
Claire Viliers, vice-presidente do Conselho Regional de Île-de-France
Patrick Jarry, prefeito de Nanterre, França
Antonio Carlos Zurita Contreras, do Programa da ONU para o Desenvolvimento da Espanha e América Latina
Francisco Mabjaia, secretário-geral da Associação de Municípios de Moçambique
Jean-Pierre Elong Mbassi, secretário geral das Cidades e Governos Locais Unidos, África
Antoine Karram, governante da Guiana
Intelectuais
Chico Whitaker, arquiteto
Cândido Grzybowski, sociólogo
Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos
(Os três são considerados os idealizadores do FSM)
Barghouti y Jamal Juma, da Palestina
Iñaki Gil, de San Vicente
Marina Silva
Emir Sader
Ignacio Ramonet
Adolfo Pérez Esquivel, escultor, arquiteto e pacifista (prêmio Nobel da Paz)
Jean Pirre Leroy
Paul Singer
Danielle Mitterrand
Frei Beto
Leonardo Boff
Plínio Arrruda Sampaio
Reiner Radermacher (FES)
Marion Hellmann (BWI)
Manfred Warda (ICEM)
Robert Steiert (IMF)
Aton Fon, advogado, diretor da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos (Brasil)
Kathrin Buhl, diretora do Instituto Rosa Luxemburg Stiftung (Alemanha)
Boaventura de Sousa Santos, doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale
Pablo Romo, padre dominicano
Cláudia Korol, secretária de Redação da Revista América Libre (Argentina)
Martin Maliqueo, da comunidade Mapuche Lonko Purran da província de Neuquén (Argentina)
Corinna Genschel, Comitê 'Grundrechte und Demokratie' (Alemanha)
Isabel Loureiro (Brasil), filósofa
Michel Lowy (França), sociólogo
Samir Amin, economista egípcio
Remy Herrera, professor de Economia do Desenvolvimento na Universidade de Paris I – Panthéon Sorbone
Victor Hugo Jijón, ex-engenheiro de petróleo
Janet Conway, professora do Departamento de Política e Escola de Administração Pública na Universidade Ryerson
Ativistas
Mustafa Barghouti, parlamentar palestino
Michel Löwry, sociólogo e filósofo franco-brasileiro
Samir Amin, economista egípcio
Segurança nas ruas reúne dez mil homens do Estado e da Força Nacional
O Fórum Social Mundial (FSM) é considerado a maior feira de idéias do planeta, com debates para todos os gostos. Mais de dez mil homens, das políciais civil, militar e federal, Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal e Força Nacional de Segurança estarão nas ruas da capital e dos pricipais municípios paraenses, para garantir a paz da população e dos visitantes atraídos pelo FSM. A estimativa é que Belém seja tomada de assalto por mais de 100 mil pessoas, do Brasil e do exterior.
Viaturas e motocicletas, além de quatro helicópteros e 31 embarcações serão usadas pela polícia e até pela Marinha do Brasil. Os policiais também contarão com o apoio de 38 camêras de vídeo - 18 delas nas ruas da Região Metropolitana de Belém (RMB) e 20 nos campi das universidades federais do Pará e Rural da Amazônia (UFPA e Ufra), que concentrarão a maioria das 2,4 mil 'atividades' previstas para os cinco dias do FSM, que se estenderá até 1º de fevereiro.
Quase 5,9 mil entidades civis estão envolvidas na preparação desses cursos, palestras, seminários. Mas outros eventos - fóruns de juízes, Teologia e Mídia Livre, por exemplo - acontecem paralelamente ao FSM, que contará, ainda, com extensa programação cultural. Cerca de 500 profissionais reforçarão a rede pública de saúde, para que várias unidades possam funcionar 24 horas por dia. Até o atendimento do 190 será em três idiomas: inglês, francês e espanhol - além do português, é claro. No total, 1,2 mil homens da prefeitura trabalharão na limpeza das ruas e a estimativa é que 15 mil pessoas circulem, por dia, no aeroporto de Belém.

FONTE: Jornal O Liberal

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