sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ganha quem a oposição apoiar

O PSDB (treze) e o DEM (treze) são duas bancadas de bom tamanho no Senado. Somadas então nem se fala. São vinte e seis senadores ou um terço da Casa. As duas bancadas é que irão decidir a sucessão presidencial na Casa, desde que marchem unidas em torno de uma das duas candidaturas já postas.
O xis da questão é decidir qual dos dois candidatos é melhor para a oposição.
Os mais açodados já tem a resposta na ponta da língua: o nome indicado pelo PMDB.
Os mais centrados estudarão os prós e os contras e podem acabar respondendo que o melhor é o candidato petista Tião Viana.
Vale à pena fazer um exercício.
O apoio do PSDB e do DEM ao candidato do PMDB vai encher a bola de José Sarney e Renan Calheiros, que passarão a deter um poder de pressão sobre Lula muito maior do que o que possuem hoje. Isso não seria bom para a oposição, principalmente por que estariam debilitando o aliado peemedebista de primeira hora Jarbas Vasconcelos, que já anunciou que vota em Tião Viana, que tem tudo para derrotar Garibaldi, pois Sarney não baterá chapa com Tião em nenhuma hipótese. Além disso, entre os vinte senadores peemedebistas, existem outras defecções, como Gerson Camata.
Apenas como lembrete. O PMDB tem vinte senadores e o restante da base aliada trinta e cinco.
O apoio ao petista Tião Viana não é nenhuma sangria desatada, pois o senador do Acre demonstrou na interinidade de Renan Calheiros que seu estilo é pragmático e em nenhum momento bateu de frente com os que pediam a cassação de Renan.
No pequeno período em que presidiu o Senado respeitou o regimento como poucos presidentes da Casa, daí a ira de Renan e o desejo de vingança do alagoano, que trabalha diuturnamente para impedir a vitória de Tião.
Além disso, ao contrário de Sarney e Renan, Tião não tem sede e apego por cargos no Executivo, portanto seu mandato terá como objetivo o resgate da credibilidade da Casa. Vale lembrar que é mais fácil Tião oferecer em sua chapa à vice-presidência do Senado a oposição do que o PMDB de Sarney e Renan.
Outro dado importante que precisa ser considerado são as últimas declarações de Tião.
- Sou médico concursado. Sou professor concursado. E tenho mandato de senador até 2015. Não estou à procura de emprego, portanto. Gosto muito do ministro da Saúde, José Temporão, e acho que ele está fazendo um ótimo trabalho. Não tem razão para sair. Sou candidato a presidente do Senado. E disputarei o cargo contra qualquer um. Respeito a todos. Mas se o senador José Sarney (PMDB-AP) for candidato eu também serei. Se Garibaldi Alves (PMDB-RN) for candidato eu também serei. Em resumo: sou candidato. E disputarei para vencer ou perder. Acho que venço, desabafou Tião ao blog do Noblat.
Tião não é homem de voltar atrás em suas decisões. Por isso, a oposição deve considerar que essa declaração sepulta a candidatura de Sarney, haja vista que o maranhense, só aceita ser presidente por aclamação, nunca batendo chapa.
Além disso, a oposição deve considerar que a candidatura de Garibaldi será questionada juridicamente e não possui a unanimidade dos 19 senadores do PMDB, quando mais dos demais partidos.
O certo é que hoje a candidatura de Tião tem em torno de 35 a 39 votos, incluindo, aí, alguns votos tucanos, como o de Tasso Jereissati que já declinou que vota no petista e que possui liderança para atrair mais alguns votos em sua bancada.
Posto isso, fica claro que o PSDB e o DEM têm que refletir sobre qual o melhor caminho a seguir, sem se deixar levar pela plantação de notas e matérias na mídia, que dão como favas contadas que o futuro presidente do Senado será José Sarney.

Publicado ou Escrito por Chico Bruno

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