sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

RISCOS NA INFÂNCIA

Um programa lançado em 2005 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a redução da violência contra crianças culmina neste início de ano com a publicação do relatório anual do Centro Nacional para a Prevenção e o Controle de Doenças, do governo norte-americano, sobre as causas de morte de crianças e jovens de até 19 anos. A OMS também lança um manual de prevenção a mortes acidentais nessa faixa etária. Mais de 1 milhão de mortes de crianças por trauma ocorrem anualmente, sendo 90% acidentais e 100 mil decorrentes de violência intencional. Acidentes são a principal causa da morte de crianças com mais de 10 anos. Eles são dez vezes mais comuns em países pobres e em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos e, mesmo assim, acidentes são responsáveis por pelo menos 40% das mortes nos países ricos. Nos EUA, acidentes causam mais mortes de crianças do que todas as doenças juntas. As causas mais comuns de morte por trauma são acidentes automobilísticos, colisões e atropelamentos, afogamentos, quedas, queimaduras, asfixia e envenenamento. Mesmo quando isoladas, elas vão se alternando no ranking das quinze principais causas de morte, de acordo com a idade ou o grau de desenvolvimento do país, mas sempre aparecem na lista. Acidentes sem vítimas fatais são outro grave problema de saúde pública. Somam-se anualmente dezenas de milhões de acidentes com crianças que necessitam de auxílio médico. No Brasil, o índice anual é de 15 a 30 lesões por acidente para cada 100 mil crianças. Nos EUA, onde a taxa é a metade disso, mais de 9 milhões de crianças são levadas ao pronto-socorro todos os anos por trauma não intencional, mais da metade em decorrência de quedas. Ao todo são 20 milhões de crianças e jovens americanos necessitando de médico ou internação, totalizando um custo médico-hospitalar anual de 17 bilhões de dólares. Intervenções na lei são de suma importância, principalmente no trânsito; educar o motorista, exigir capacete para motos e bicicletas, cinto de segurança, pistas exclusivas para bicicletas, obrigar os pais a levar as crianças pequenas no banco traseiro com cadeira apropriada e cinto de segurança. Tudo isso está na lei, mas se as autoridades, mesmo nas pequenas cidades, não forem rígidas na aplicação dela, o número de crianças mortas ou com graves sequelas tenderá a aumentar. Ações como o uso de detectores de fumaça, travas de segurança, capacete para ciclistas, orientação feita por pediatras e serviços de controle contra envenenamentos economizam dezenas de vezes mais dinheiro, além de poupar vidas. Para cada real gasto em pintura de faixas para pedestres, 3 reais em gastos médicos por acidentes são economizados. Estima-se que o custo global de acidentes automobilísticos em países como o Brasil possa atingir a absurda cifra de 3% do PIB. Reduzir a mortalidade infantil é uma questão moral para toda a humanidade. Com poucas e fundamentais intervenções é possível salvar mil crianças a cada dia. Os autores do relatório sugerem algumas soluções possíveis: – Ação global em conjunto para a melhoria da saúde das crianças. – Controlar os efeitos da globalização nos acidentes com crianças. – Supervisão das crianças. – Acesso universal e rápido a cuidados médicos e paramédicos. – Proteção contra o ataque de animais domésticos, principalmente cachorros. – Em 2009, quando novos prefeitos procuram oferecer a seus munícipes algo que tenha impacto positivo em suas vidas, um programa de prevenção a acidentes com crianças é uma excelente pedida. O Ministério da Saúde ganharia imensamente se traduzisse o manual criado pela OMS, World Report on Child Injury Prevention, e o distribuísse a todos os secretários de Saúde estaduais e municipais. Afinal, este deveria ser um livro de cabeceira de qualquer pai.

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