segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais um ano de impunidade

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou sessão extraordinária de fim de ano na sexta-feira, 19. Depois da sessão, Gilmar Mendes, presidente do Supremo, concedeu entrevista coletiva para fazer um balanço do comportamento do Judiciário no ano que se encerra.
O Poder Judiciário termina mais um ano sem que os réus de crimes conhecidos como de colarinho branco sejam julgados.
Existem casos que se arrastam há anos, como por exemplo, os escândalos da Sudam, Banpará e Incra, cujo personagem principal é o atual deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).
Desde que a Polícia Federal inaugurou o seu período de operações em 2003, não se tem notícia que nenhum político preso e algemado tenha sido julgado.
Todos os processos dormem mansamente na gaveta da escrivaninha de algum magistrado. Um exemplo é o processo do prefeito de Macapá, João Henrique, (licenciado do PT) que deixará a prefeitura no próximo dia 1º de janeiro de 2009.
Assim como o de João Henrique, existem outros processos de prefeitos, deputados, senadores, governadores, ex-ministros, empresários e burocratas da máquina pública em geral.
São tantos processos que exigiria um espaço que não disponho para enumerá-los.
Na cota dos escândalos mais recentes está o dos representantes do Judiciário do Espírito Santo, quando foram presos pela Polícia Federal nada menos do que o presidente do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Frederico Guilherme Pimentel, dois desembargadores e um juiz suspeitos de participar de um esquema de venda de decisões judiciais.
Aliás, há mais de uma década, o Espírito Santo é palco de uma série de escândalos de lavagem de dinheiro e denúncias sobre a ligação de políticos, tanto do Legislativo quanto do Executivo, com o crime organizado.
Até alguns anos, o ex-deputado José Carlos Gratz, do alto da presidência da Assembléia Legislativa, mandava e desmandava no estado. Preso várias vezes, cassado está soltinho da silva, numa boa.
O ex-governador José Ignácio Ferreira foi acusado de cobrar propina e desviar recursos públicos. Está com os bens bloqueados e responde a processos que estão parados em alguma instância.
O coronel aposentado da PM Walter Ferreira é acusado de chefiar o esquadrão da morte capixaba. Responde a 12 processos, um deles pela morte de um juiz que combatia o crime organizado. Depois de quatro anos preso, na quinta-feira, 18, foi solto por decisão do STF.
O balanço que sua excelência ministro-presidente do STF, Gilmar Mendes, passou ao largo da impunidade para os crimes de colarinho branco. A excelência não tocou neste assunto.
Os jornalistas, diga-se para sermos corretos, também não o indagaram sobre a questão, afinal o ministro criou uma pauta que encantou a imprensa, o combate, segundo ele, às ações espetaculares da Polícia Federal.
Esperto, em seu balanço sobre a ação da Corte Suprema, esse foi o prato de resistência do cardápio oferecido à imprensa.
E assim vamos entrar em 2009 com a impunidade dos poderosos campeando solto.

escrito por Chico Bruno.

Nenhum comentário: