sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Opinião: Até quando a criança deve acreditar no Papai Noel?

Semana passada comentei sobre a expectativa das pessoas em relação ao Natal. É como se a data marcasse algo especial do ano vivido. Claro que o momento se confunde com a passagem do ano também. Porém o Natal tem magia própria e atinge tanto os adultos quanto as crianças. A magia pode ser sentida na própria solidariedade das pessoas. Não só porque trocam presentes entre si, mas por pensarem naquele que não faz parte de seu cotidiano. É bastante comum a ajuda a alguma instituição filantrópica, principalmente infantil, nessa época. Muitos já presentearam crianças carentes que não conhecem. A figura que mais dá força a esse clima do Natal é o Papai Noel. Sua origem remonta ao século IV, com a figura de São Nicolau. Segundo consta, ele ajudava pessoas com dificuldades, dando-lhes moedas em sacos pelas chaminés. Atualmente, temos o Papai Noel representado pelo bom velhinho que distribui presentes para as crianças de todas as idades. Os adultos sabem que ele não existe. Mas as crianças não, elas acreditam piamente – chegam até a mandar cartas pelo correio.

Muitos se perguntam se é saudável esse tipo de crença. Quando as crianças têm pouca idade, o pensamento tem como característica o fantástico. Os pequenos acreditam em tudo o que ouvem, por mais estranho que possa parecer. E os adultos estimulam isso, talvez com saudade do tempo em que acreditavam no bom velhinho. Essa crença garantia algo gostoso da vida. Estimular a fantasia ajuda no desenvolvimento da criatividade. E, no caso do Papai Noel, também aumenta um pouco da esperança: como se algo bom estivesse esperando por nós em algum lugar. É reconfortante quando as coisas não vão bem e podemos imaginar e acreditar que elas serão diferentes. À medida que as crianças vão crescendo, o pensamento vai ganhando outras características. Elas passam a querer elementos concretos da realidade para acreditarem nas coisas. Pouco a pouco vão deixando de lado as figuras do Papai Noel e do coelho da Páscoa.
O fim das crenças
Quanto mais velhas as crianças, menos crenças elas vão ter. Ninguém espera que alguém com dez anos ainda as possua. Se isso ocorrer, pode ser sinal de imaturidade emocional ou intelectual, necessitando de mais elementos para deixar essas coisas de lado. Muitos podem perguntar se o choque com a realidade não tira a esperança das crianças. Provavelmente não. Vai depender de como essa passagem se dará. Elas próprias vão formando suas teorias sobre as coisas e testando suas hipóteses. Mudam naturalmente. Ninguém precisa chegar e dizer que Papai Noel não existe. Elas vão descobrir. É curioso observar que aquelas que não acreditam mais, estimulam nos menores essas crendices. Sentem-se triunfantes por terem amadurecido. E, lá no fundo, não é mentira. Papai Noel existe. Existe em cada um de nós quando praticamos a solidariedade natalina. Um feliz Natal a todos.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

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